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Quando o Tu e o Eu se Eclipsam… Reflexões Sobre o Namoro

As relações de namoro representam os primeiros ensaios do que será uma vida a dois no futuro. Caracterizam-se pela manutenção de uma relação emocional que varia em função da idade, experiências de vida, crenças, expectativas e cultura. Iniciam-se habitualmente na fase da adolescência e prolongam-se pelo início da adultez. Numa relação de namoro ouvem-se expressões como “estou caidinha por ele” e “sinto-me completamente apaixonado por ela”. Todas elas têm subjacente um conceito-chave que habitualmente designamos por “paixão”. O Dicionário da Porto Editora caracteriza paixão como “um sentimento intenso e geralmente violento (de afecto, ódio, alegria, etc.) que dificulta o exercício de uma lógica parcial”. Assim, o namoro é não só um ensaio da vida adulta, como também uma experiência que, de tão poderosa, pode conduzir ao sofrimento. Inerente à paixão poderão estar processos cognitivos distorcidos que dificultam o raciocínio coerente e a interpretação adequada da realidade. Já a sabedoria popular o afirma com provérbios como “quem feio ama bonito lhe parece” ou “o amor é cego”. Numa interação mediada pela paixão, a individualidade de cada um dos envolvidos funde-se parcialmente dando origem a uma terceira entidade: o nós. No início, este nós pede atenção constante e, não raras vezes, absorve a individualidade de cada um. Por vezes, o que distingue uma relação de namoro saudável de uma relação de namoro abusiva/violenta são os ténues limites estabelecidos entre o tu, o eu e o nós. Porquê limites “ténues”? Porque os argumentos que são utilizados para identificar uma relação de namoro violenta também podem servir para justificar a manutenção de um namoro assente na ideia do amor/paixão. Vejamos: quantas vezes o ciúme é tolerado como prova de amor (ela não quer que eu fale com outras raparigas porque me ama)?; quantas vezes a invasão da privacidade é considerada um ato de confiança (ele sabe as minhas palavras-passe porque não temos segredos)?; quantas vezes nos deixamos subjugar pelo controlo do outro porque nos ensinaram que deveria ser assim (não devias usar uma saia tão curta)?; quantas vezes facilitamos contactos de cariz íntimo/sexual simplesmente porque nos fazem crer que é um dever no namoro (ter relações sexuais é uma prova de amor)? Parecem infindáveis as questões que encontram nos “bons velhos costumes” a sua resposta, validando a manutenção de interações onde o poder é desigual e os papéis se cristalizam ou escalam para níveis desadaptativos. Quando os limites são ultrapassados, a sobreposição do tu e do eu deixa de ser parcial e passa a ser total. Dá-se lugar a um eclipse, onde a existência do outro é constantemente anulada/sabotada. Esta experiência de vida acaba por se transformar num período turbulento e negro que, quando prolongado, traz consequências para a individualidade de cada um. Exatamente como num eclipse, a escuridão sobrepõe-se à luz, o frio sobrepõe-se ao calor e a consciência sobre a realidade torna-se nublosa. Alda Portugal e Maria João Beja Professoras da UMa

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Relações de dependência: quando os afetos nos aprisionam

O ser humano é um ser social, influencia e é influenciado. Tem a necessidade de ser reconhecido pelos outros, estimado e amado. Ter amigos e pertencer a um grupo contribui, por isso, de uma forma significativa para o seu bem-estar psicológico e para a definição da sua identidade pessoal. No entanto, por vezes, o desejo de ser aceite pelo outro pode tornar-se excessivo. Várias experiências sociais comprovaram o poder da influência dos outros sobre as atitudes pessoais. É disso exemplo a experiência feita com um grupo de jovens adolescentes, em que lhes foi pedido que indicassem, de entre diversas opções, qual a linha mais comprida observada. Previamente, todos os jovens, à exceção de um, foram instruídos a indicar incorretamente a resposta. O jovem, alvo de estudo, ainda que desconfiado da opção dos restantes, decidiu seguir a resposta destes, negando assim a sua própria opinião. Este mesmo resultado foi obtido com 75% dos jovens que participaram na experiência. Querer ser aceite e seguir os outros não se traduz necessariamente em algo prejudicial, a menos que se transforme numa relação de dependência. Por vezes, e por falta de confiança, o desejo de aceitação torna-se tão forte que a pessoa acaba por se tornar prisioneira do outro, do afeto que é nutrido por este e pelo desejo de o agradar… “De cada vez que penso em acabar a relação entro em pânico…”; “Quando ele/a não me telefona, tenho crises de choro e não me consigo concentrar.”; “Preciso da opinião e validação constante das pessoas que me são próximas até para as pequenas decisões do dia a dia, e quando não as tenho sinto-me perdido e extremamente ansioso”. Estas expressões refletem situações em que uma relação de dependência foi estabelecida, o que acarreta, como consequência, grande sofrimento, sentimentos de culpa e de impotência, e, acima de tudo, leva a relações não satisfatórias. Note-se que o conceito que a pessoa tem de si tornou-se dependente da relação estabelecida com o outro, podendo a sua identidade pessoal ser ameaçada, tanto mais se este laço for quebrado (“Não me sinto dono da minha própria vida, sinto-me refém de uma vontade que não é a minha.”) O que fazer então para manter uma relação saudável? A confiança é a chave para o sucesso da relação. Para construir uma vinculação segura ambas as partes devem ser consistentes, ter atitudes coerentes, respeitar o espaço e a posição do outro, permitir a abertura da relação e a socialização com outros elementos de um grupo social, bem como ter confiança em si próprio e no outro. Por isso, caso se sinta demasiado dependente da relação que tem estabelecida com alguém, questione-se acerca do que poderá estar na origem dessa insegurança e tente reconstruir o significado dos papéis que atribui a si e ao outro nessa relação, porque em certas ocasiões talvez seja tempo para dizer… “Daqui para a frente vou voltar a andar com as minhas próprias pernas e reassumir o comando da minha vida”. Serviço de Consulta Psicológica

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