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Sofia Gomes

Cinema ou streaming: a batalha dos ecrãs

As sociedades contemporâneas são palco de atividade frenética e os indivíduos veem-se presos a rotinas cada vez mais ocupadas, sendo recorrentes as situações de burn-out. Assim sendo, há uma tendência para procurar formas de ocupar os tempos livres que não exijam uma atitude ativa — como é o caso da leitura — resultando num maior consumo de conteúdo cinematográfico. Este conteúdo é disponibilizado ao consumidor através do cinema e do streaming, contudo o tipo de experiência que ambos oferecem é muito diferente. O vocábulo “cinema” deriva da palavra “cinematógrafo”, que significa movimento gravado. O desenvolvimento desta arte está intimamente ligado ao aparecimento da fotografia. De uma longa história, que se estende desde o século XVII, com o aparecimento da lanterna mágica, até aos dias de hoje, destaca-se o contributo dos irmãos Lumière. O pai de Auguste e Louis Lumière era um fabricante de materiais fotográficos, o que proporcionou aos dois um ambiente favorável à invenção do cinematógrafo, dispositivo que permitia captar e projetar as imagens e patenteado em 1895. Graças a este dispositivo, a 28 de dezembro do mesmo ano, deu-se a primeira sessão cinematográfica. Nesta, foram projetados, numa sala escura, filmes de curta duração, entre eles “A chegada do trem à estação de La Ciotat” e “A saída dos operários da fábrica”. Porém, a sétima arte continuou a melhorar. As imagens projetadas a preto e branco passaram a ser acompanhadas de narrativas, como se vê nos icónicos filmes de Charlie Chaplin e, mais tarde, ganharam cor. Além disso, introduziram-se efeitos especiais que têm aumentado de qualidade ao longo dos últimos anos. Contudo, segundo o relatório “Ver Cinema em Portugal: uma análise sobre os novos e os tradicionais consumos”, elaborado pelo Observatório da Comunicação, a maior adesão ao cinema aconteceu deu-se nas últimas décadas do século passado, nomeadamente na década de 80, registando-se mais de 30,5 milhões de espectadores. Este número tem vindo a decrescer consideravelmente e em 2014 registaram-se apenas 12 milhões de espectadores. O streaming tem uma história muito mais recente, que data do século passado. Os primeiros serviços de streaming consistiam em transmissões de rádio pela internet, no entanto, com a evolução dos dispositivos tecnológicos e da banda larga, tornou-se possível realizar transmissões de vídeo. Atualmente, as principais plataformas de streaming são a Netflix, HBO, Amazon Prime. Estas permitem assistir a uma grande variedade de conteúdos, entre os quais filmes, séries e musicais. Segundo o relatório “SVod — Subscription Video on Demand:Mercado, prospectiva e cenários de futuro para Portugal” do OberCom, o número de subscritores da Netflix nos EUA tem vindo a aumentar exponencialmente, desde 2012. Em 2017, existiam 50,9 milhões de subscritores da Netflix contra 48,6 milhões de assinantes da televisão por cabo. Ainda no mesmo relatório verifica-se que a 15 de novembro de 2018 existiam 3 360 filmes e 1 513 séries disponíveis na Netflix Portugal. Relativamente ao mérito de cada um, há que salientar que os dois oferecem experiências de consumo de produções cinematográficas diferentes. Por um lado, os amantes de cinema referem que o ambiente é um dos factores principais que os leva até às salas. Nestes espaços, os espectadores afirmam desfrutarem de uma maior imersão, enquanto em casa se distraem facilmente da trama. Além disso, a qualidade de imagem e do som é consideravelmente melhor, pois os espaços investem em equipamentos próprios. Este facto é acentuado pelo conhecimento de que muitos realizadores produzem os seus filmes levando isto em consideração, logo filmes específicos só podem ser experienciados ao máximo no cinema. Outro factor a ter em conta prende-se com a sensação de partilha da experiência com as outras pessoas que vão assistir ao filme, gerando uma atmosfera de interesse comum. Relativamente aos aspectos negativos, o indivíduo não tem controlo sobre o comportamento dos restantes espectadores e não são invulgares as queixas de ruído e de comportamentos que prejudicam o aproveitamento do filme. A redução dos espectadores na sala de cinema também pode ser explicada pela subida dos preços dos bilhetes e dos comes e bebes. O streaming permite tirar proveito de uma maior variedade de conteúdo no conforto de casa e o indivíduo não é limitado pelos horários definidos pelas salas de cinema. Os preços são mais reduzidos, sendo que em média uma subscrição mensal custa o mesmo que um bilhete e permite ao indivíduo assistir a vários conteúdos. Vale ainda acrescentar que as plataformas de streaming começaram a investir nas suas próprias produções. No que diz respeito às desvantagens, a primeira consiste na maior facilidade do indivíduo distrair-se e não aproveitar a experiência na totalidade e a segunda deve-se à qualidade menor do som e da imagem dos dispositivos, quando comparados aos equipamentos profissionais. Poder-se-ia pensar que o mercado de streaming estaria a prejudicar o cinema e seria a razão pela qual as idas ao mesmo tem decrescido, porém um estudo realizado pelo grupo de Economia Quantitativa e Estatística da EY (Ernst & Young) veio provar o contrário. De acordo com as pesquisas, as pessoas que mais assistiam aos serviços de streaming eram também as que mais frequentavam o cinema. Concluindo, o cinema e o streaming não se apresentam necessariamente concorrentes, ambos podem complementar-se para uma maior satisfação do público. Sofia Gomes ET AL.

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Religião: como e porquê?

A religião e o culto do divino existem desde que o ser humano se apercebeu da sua própria existência no mundo e nascem da necessidade de explicar os eventos que sucedem na sua interação com o mesmo e com os outros elementos da própria espécie. Segundo o antropólogo inglês, Edward Tylor, as primeiras civilizações criam no animismo, ou seja, na existência da alma como um elemento que ultrapassa a morte do corpo. Ainda nesta linha de pensamento, o antropólogo R. R. Marrett observou que as culturas indígenas dos continentes africano e americano acreditavam que existia uma força inerente aos seres vivos e à natureza que inspirava temor e reverência ao ser humano. De facto, o conceito de alma está presente em diversas religiões. Em segundo lugar, uma vez que as religiões partilham diversos elementos, é justo deliberar o contacto entre os indivíduos da mesma religião e a interação com pessoas de outra. Anteriormente ao Iluminismo, a fé era transmitida de pais para filhos e explicava o funcionamento do mundo. Questioná-la era um ato censurável e punível. Com efeito, não é por acaso que a Igreja Católica lutou afincadamente para se preservar como a única detentora do conhecimento, dado que assim se manteria como a autoridade incontestável. Por este mesmo motivo, outras religiões não eram aceites, pois apesar de terem similaridades, as suas diferenças eram o suficiente para abalar o modo de vida da sociedade, em especial se atentarmos que o Homem nem sempre separou a fé dos assuntos políticos. Não obstante, o século XXI oferece uma maior liberdade religiosa. Se antes da globalização muitos indivíduos não conseguiam cogitar a existência de uma religião distinta da sua, nos dias que correm as pessoas encontram-se melhor esclarecidas. Segundo o The World Factbook, em 2012, 28% da população mundial era cristã, 22% professava o islamismo, 15% cria no hinduísmo e 12% não possuía religião. Contrariamente ao passado, o avanço da ciência e a promoção da educação fornecem explicações sobre o funcionamento do mundo e até mesmo sobre a mente humana. Assim sendo, o que leva os contemporâneos a professarem uma determinada religião? Tal como no passado, a transmissão dos valores religiosos de pais para filhos continua a ser um grande fator. Por outro lado, existem pessoas que procuram a religião após um acontecimento traumático ou de extrema importância e a fé torna-se um meio de renovação e cura interior. Terceiramente, uma pessoa pode abdicar ou até mesmo mudar de religião. Isto pode dever-se ao facto dos seus valores deixarem de coincidir com os valores da religião que praticam ou por deixarem de acreditar no divino. Noutros casos, uma pessoa muda de religião para poder casar-se com o seu parceiro, como é o caso de Meghan Markle que se converteu à Igreja Anglicana para contrair matrimónio com o príncipe Harry. Adicionalmente, existem aqueles que recusam a religiosidade como forma de protesto contra o uso desta para justificar atitudes que atentam contra o bem-estar do outro. Um bom exemplo disto aconteceu em 2017, no Tribunal da Relação do Porto: um homem agrediu a ex-mulher com uma moca por esta ter encontrado um novo companheiro e o juiz encarregado do processo defende a sua atitude, recorrendo a citações bíblicas que fazem a apologia da submissão da mulher ao homem. Concluindo, a religião confere alento ao Homem, porém é inadmissível o seu uso para ferir o outro ou legitimar atos que contradigam os direitos humanos. Sofia Gomes Aluna da UMa

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