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Os sete dias da semana, herança do Mundo Antigo

Partindo da observação das fases da Lua, os antigos Caldeus inventaram a semana constituída por sete dias. Este sistema, adoptado entretanto por outros povos, viria a ser transmitido por Roma a todo o Mundo Ocidental. Poderíamos pensar que a influência dos corpos celestes nos assuntos humanos é uma excentricidade de astrólogos e de supersticiosos, mas ela é bem real. Vamos ocupar-nos de um caso manifesto: os sete dias da semana. O agrupar dos dias em ciclos de sete tem a sua origem na antiga Babilónia e resulta da observação das fases da Lua. A duração do ciclo lunar completo é de cerca de 28 dias. Partindo desta noção, os astrónomos Caldeus verificaram que, a cada fase, correspondiam muito aproximadamente sete dias e daqui vem a nossa «semana» (vocábulo com origem no latim septimana, ou seja, «sete manhãs»). Os Hebreus cedo adoptaram esta organização e ela ficou consagrada no livro do Génesis, tradicionalmente atribuído a Moisés, onde a Criação do Mundo se articula em seis dias de trabalho e um sétimo dia de descanso. Nele se fixou o shabbat, consagrado ao descanso e à oração. Quanto às suas denominações, os Caldeus designaram cada um dos sete dias pelos nomes dos corpos do seu sistema planetário: o Sol e a Lua, em primeiro lugar, e depois os restantes, pela seguinte ordem: Marte, Mercúrio, Júpiter, Vénus e Saturno. Este sistema passou depois para a Ásia Menor e Egipto, para Gregos e Romanos. Estes deram aos sete dias as seguintes designações: Solis dies, Lunae dies, Martis dies, Mercurii dies, Iouis dies, Veneris dies e Saturni dies. Daqui resulta a maioria das designações que conhecemos nas várias línguas românicas. Assim, em francês temos: dimanche, lundi, mardi, mercredi, jeudi, vendredi e samedi. Em castelhano e italiano, as designações são semelhantes. Notemos que, nestas línguas, tal como em português, o primeiro e o sétimo dia trocaram as suas designações para «domingo» (do latim dies Dominica, ou seja, «dia do Senhor», nome de origem cristã, por ter sido o dia da Ressurreição) e «sábado» (do latim sabbatum, designação de origem hebraica). Como os restantes dias tinham nomes de divindades pagãs, facilmente se compreende que a Igreja Cristã olhasse para eles com desagrado e, por isso, adoptou um conjunto de designações baseado no sistema numérico (antes criado pelos Hebreus), acrescentando-lhes a palavra latina feria («dia de festa» ou «dia de oração»). Assim, em latim passou a dizer-se: secunda feria, tertia feria, quarta feria, quinta feria e sexta feria. Este sistema apenas vingou em Portugal (e também na Grécia!). As línguas germânicas e escandinavas receberam o sistema pagão utilizado pelos Romanos, mas adaptaram-no ao nome das suas divindades correlativas dos deuses romanos. Assim, em inglês temos: Sunday, Monday, Tuesday, Wednesday, Thursday, Friday e Saturday. Note-se que o sábado e o domingo conservaram aqui as antigas designações. As línguas da Escandinávia mantiveram este sistema, mas introduziram uma novidade: o sétimo dia passou a ser o «dia do banho» (em norueguês e dinamarquês lørdag, em sueco lördag). Quando organizarmos as nossas vidas em ciclos de sete dias, com cinco dias de trabalho e dois de descanso, estamos, sem disso termos consciência, a reger-nos pelas fases da Lua: uma herança do Mundo Antigo que nos foi legada por Roma. Telmo Reis Professor da UMa

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