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Relatório revela falhas na empregabilidade e monitorização dos diplomados do ensino superior

Relatório revela falhas na empregabilidade e monitorização dos diplomados do ensino superior

Um relatório do Tribunal de Contas, de 2022, expõe falhas na monitorização da empregabilidade dos diplomados do ensino superior, apontando insuficiências nos indicadores, desalinhamento com o mercado de trabalho e falta de transparência no investimento público.

A empregabilidade dos diplomados do ensino superior tem sido um critério relevante na definição da oferta formativa em Portugal, mas um relatório de 2022 do Tribunal de Contas revelou fragilidades nesse processo. A auditoria analisou o impacto das políticas adotadas nos últimos anos, concluindo que, apesar dos esforços para alinhar a formação com as necessidades do mercado de trabalho, persistem insuficiências na informação e na monitorização da empregabilidade dos ciclos de estudos. O documento destaca que os critérios utilizados, como o nível de desemprego por curso, apresentam falhas que comprometem a sua eficácia, uma vez que apenas consideram os diplomados inscritos nos Centros de Emprego do IEFP, ignorando uma parte significativa dos desempregados reais.

O relatório também aponta um desalinhamento entre a oferta e a procura de cursos superiores. Embora exista uma tendência para concentrar vagas em áreas de menor desemprego, continuam a ser disponibilizadas formações com elevadas taxas de desemprego, como Gestão. O Tribunal sublinha que “não existe um indicador de empregabilidade dos ciclos de estudos que contemple as suas múltiplas e complexas componentes e forneça informação crítica sobre a situação profissional dos diplomados”. Outro problema identificado é que as dificuldades apontadas pelos empregadores não se limitam à falta de competências digitais, mas incluem também um desajustamento entre as ofertas de emprego disponíveis e as qualificações dos diplomados.

Reflexão sobre os desafios laborais na Madeira

Mensalmente, a ACADÉMICA DA MADEIRA tem um espaço de opinião no JM Madeira. Ricardo Freitas Bonifácio, Presidente da Direção da ACADÉMICA DA MADEIRA, escreveu sobre a empregabilidade na região.

A monitorização da empregabilidade apresenta ainda problemas estruturais, uma vez que não existe um quadro regulatório comum que permita comparar dados de forma eficaz. Atualmente, cada Instituição de Ensino Superior recolhe e divulga os dados dos seus diplomados de forma independente, o que prejudica a análise global da empregabilidade e compromete a definição da oferta formativa. Segundo o relatório, “as dificuldades manifestadas pelos empregadores não se circunscrevem à falta de competências digitais”, o que evidencia a necessidade de uma maior articulação entre universidades e o setor produtivo, garantindo que os cursos oferecidos respondam melhor às necessidades do mercado.

O Tribunal de Contas deixou um alerta no relatório para a falta de transparência no investimento público destinado à formação e à empregabilidade dos diplomados. O relatório salienta que “é avultado, mas não conhecido, com detalhe, o investimento na formação de um diplomado nas IES”, bem como os recursos aplicados em ações de formação profissional e monitorização. Sem esta informação, torna-se difícil avaliar a eficiência do financiamento público no ensino superior e implementar medidas mais eficazes para garantir melhores taxas de empregabilidade.

Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Fran Innocenti.

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